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Existe alguma relação entre os transtornos temporomandibulares e a língua? - 22/06/2023

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Afirmar que existe uma relação entre os transtornos temporomandibulares e a língua é básico para qualquer profissional, uma vez que é essencial para determinar um tratamento correto e um bom diagnóstico da dor orofacial na área da fisioterapia.

Como refere o artigo 'Temporomandibular disorders: Old ideas and new concepts' de List e Jensen, os transtornos temporomandibulares (TTM) são os mais frequentes dentro das condições patológicas da região orofacial. Ao tratara-se de um grupo de transtornos musculoesqueléticos que afetam os músculos masticatórios, as articulações temporomandibulares e as estruturas relacionadas caracterizam-se por uma dor localizada na zona orofacial como sintoma principal, com limitação ou bloqueio mandibular. 

Quais são os transtornos temporomandibulares mais frequentes?

Os 12 TTM mais comuns segundo os ‘Critérios de Diagnóstico dos Trastornos Temporomandibulares'' incluem: mialgia, artralgia, mialgia local, dor miofascial, dor miofascial referida, quatro transtornos diferentes de deslocamento discal, doença articular degenerativa, subluxação e cefaleia atribuível a um TTM.

Assim, é importante referir que a prevalência destes transtornos entre a população em geral é de até 10,8%, sendo as mulheres (65,8%) entre os 25 e os 45 anos as que apresentam os valores mais altos.

Encontra-se estudada a relação entre os transtornos temporomandibulares e a língua?

Dada a importância existente entre os referidos transtornos, existe algum estudo sobre a sua possível relação? Pois bem- embora exista muita evidência científica sobre o impacto dos TTM nas funções sensoriomotoras orofaciais, não existem muitas evidências que estudem a função lingual, específicamente no caso da força lingual máxima, em pacientes com TTM.

Ainda assim, as investigações realizadas demonstraram que as mulheres com TTM crónicos têm maior dificuldade para mastigar diferentes alimentos, como pão, filetes de vitela, maçãs, amendoins e/ou carne grelhada), assim como uma maior frequência e predomínio da mastigação unilateral e o deterioro do processo de deglutição, o que leva a que estas pacientes demorem mais a comer.

Podemos afirmar que a língua é importante neste processo? Sem dúvida que sim, porque a língua intervém ativamente na deglutição e na mastigação, participando em funções básicas como a formação, manipulação e transporte do bolo alimentar até à faringe. Assim, durante o processo de deglutição, a parte anterior da língua empurra contra o paladar duro anterior, e em seguida empurra para trás contra o paladar mole, deslocando o bolo alimentar para a base da língua.

Num estudo publicado em 2019 por Marim, analisa-se a força lingual em relação com a mastigação e a deglutição, constatando-se que os pacientes com TTM crónicos possuem menor força lingual, o que está diretamente relacionado com o empioramento da deglutição e da mastigação. Além disso, demonstrou-se a existência de uma relação direta a capacidade de triturar alimentos e a pressão lingual máxima e a função labial.

Mas, para engolir é necessário exercer força lingual?

É provável que se estejam questionando sobre se para realizar a ação de engolir é necessário exercer a força lingual. Foi dito que o processo de deglutição requer exercer força contra o paladar duro anterior, em geral de forma mais significativa ao engolir líquidos em comparação com sólidos, pelo que as mulheres com TTM crónico podem apresentar valores de força de pressão lingual máxima contra o paladar duro anterior inferiores associados a transtornos da deglutição. Esta hipótese foi abordada num estudo de Fassicollo et al. (2019), que revelou que os pacientes com TTM crónico precisam de mais tempo para levar a cabo a deglutição de líquidos e saliva, o que poderia dever-se a uma função lingual débil.

Por que motivo é pior a deglutição nos pacientes com transtorno temporomandibular?

A principal hipótese é que a disfunção da deglutição detetada em pacientes com TTM crónicos pode dever-se a uma diminuição significativa da força de pressão lingual máxima contra o paladar duro anterior.